Subi a rua a pé… o autocarro demorava e a mim parece-me uma perda de tempo ter a vida pendente destas coisas fora de nós… depois de um dia corrido, sabe bem pastelar pela calçada e sentir-me snobmente privilegiada em relação aos outros todos que formigam pela rua sem serenidade… O calor do final da tarde é aconchegante… a mochila e a camisola amarrada pesam-me naquele cansaço saboroso dos dias muito quentes… no jardim a luz está baixa e empresta ao verde aquele contraste forte de luz e sombra que apetece fotografar… Do restaurante indiano trago o vegetariano que o rapaz me jura a pés juntos que não tem picante, e a bomba de especiarias que me faz assombrar todas as vezes que ele a devora… Bato à janela mas ele não vem abrir a porta… Ohh… será que ainda não chegou?... Ahh que bom… lá ao fundo a luz aquece-lhe a cor do rosto, e fico na dúvida se me atiro a ele se fico só a contemplar-lhe os traços bonitos… Enlaça-me pela cintura e eu fico a senti-lo com o meu corpo todo… como adoro este cheiro de pele… Debaixo do nosso toldo marroquino espalhamos o jantar, as novidades e os sorrisos… O concerto de Colónia embala-nos a conversas, as leituras e o amor… E todas as coisas pequeninas fazem sentido…
Mina