quarta-feira, dezembro 29, 2010

Faz em Janeiro próximo um ano que iniciei o curso de escrita criativa que durou 3 meses.

Aqui fica um dos textos que então escrevi no curso!


Rafa está com 40 anos, olhar cansado, a pele clara de quem não vê muito o sol; a barba essa, agora é feita todos os dias pela manhã, ou antes, pelas 11h30m, hora a que todos os dias se levanta. A sua vida agora é passada com os livros e com a televisão, durante a tarde lê, e depois do jantar até cerca das 4 ou 5 da manhã, vê televisão, essencialmente noticias, séries, filmes e documentários; recusa-se a ver talk-shows, reality-shows, concursos e novelas. Segue esta rotina desde há 3 anos. Tem saudades da barba sempre grande e composta quando trabalhava no aeroporto, tem saudades dos colegas e da azáfama das pessoas a correr para não perderem o avião, bem como do encanto das chegadas que proporcionavam momentos únicos de reencontros. Depois veio a reforma aos 37 anos por motivos do foro psicológico que perturbavam o seu desempenho profissional, uma junta médica avaliara-o e considerara-o inapto para trabalhar, desse modo com 37 anos, a reforma. Carolina e Rafa estão juntos faz agora 18 anos, conheceram-se num jantar em casa de amigos comuns, a empatia entre ambos foi imediata, ela acabara de terminar o curso de sociologia e desde há 10 anos que além das aulas que dá, escreve para alguns dos jornais mais conceituados do país. Rafa terminara o curso de Engª Fisica dois anos antes de conhecer Carolina e estivera a fazer trabalhos relacionados com a mudança de combustível numa central nuclear Finlandesa, a 100km a norte de Helsinquia durante um ano e meio. Anos mais tarde e sentindo-se cansado, resolveu mudar de actividade profissional e apareceu a oportunidade de chefiar as equipes de terra do Aeroporto da Portela. Hugo tem agora 5 anos, e não estranha que o Pai nunca saia à rua. Em casa tudo funciona bem, Carolina trata de Hugo de manhã e Rafa à noite, a escola de Hugo é perto do local onde Carolina dá aulas. Rafa prepara todos os jantares e trata dos afazeres da casa enquanto que está em casa. As janelas já foram suas boas companheira, mas agora os seus dias são cheios e bons. Quando se senta a ver televisão, tem sempre um casaco em cujo bolso está o comando da TV, com a mão a amaciar o comando pressiona os botões e vai mudando os canais. Houve um dia em que Carolina e Hugo ao chegaram a casa, e após as conversas habituais sobre os respectivos dias, Rafa sentara-se de novo com Hugo a seu lado e de mão no bolso ia mudando os canais, até que Hugo, aborrecido, perguntou se podia ver desenhos animados e perguntou pelo comando! “Está no bolso, podes tirar” Hugo coloca a mão no bolso do casaco de malha cinzento do pai, e retira uma pedra, como que um seixo de um rio, um seixo cinzento com uma risca branca, que lhe parece um seixo pré-histórico. Observam os dois a pedra, Carolina da mesa onde está olha aterrada para Rafa, os olhares dos dois cruzam-se e nessa altura, ambos pensam se terá chegado a hora de contarem a Hugo a verdade sobre Rafa.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

A Teoria das Linhas
A vida é como uma linha, todas as vidas têm um principio, um meio e um fim como qualquer linha. Assim sendo imaginemos uma folha em branco na vertical com várias linhas desenhadas de alto a baixo. Se vos pedir para desenharem numa folha várias linhas, a maioria desenharia com toda a certeza uma série de linhas verticais mas se pedissemos a uma criança, o seu desenho seria com toda a certeza uma folha cheia de linhas com muitas curvas algumas tocando-se, afastando-se, e por vezes algumas seguindo algum período pelo mesmo espaço comum, umas terminariam no final da folha e outras com toda a certeza acabariam por se perder antes do fim da folha como que uma morte que choramos como prematura...

É isso mesmo que pretendo que imaginem uma folha com linhas... tantas quantas as pessoas que conhecem... o espaço é limitado, mas a ideia é essa mesma, todos partilhamos o mesmo espaço!

As relações entre as pessoas surgem como duas linhas que se vão aproximando e que seguem juntas ou próximas apenas mas com um sentido similar. Por vezes olhamos para a frente como numa estrada e sabemos que vamos numa determinada direcção e que vão mais carros connosco, mas não sabemos se a nossa estrada é a mesma dos outros. Com as linhas acontece o mesmo... por um lado podemos olhar para a frente e saber que o destino é comum mas por outro lado não sabemos até quando! Podemos nós decidir o destino da nossa linha? Claro que sim, basta apenas que saibamos o que queremos da vida, claro está que podem aparecer obstáculos no caminho e podemos ter de fazer uma curva apertada mas se soubermos mesmo o que queremos então voltamos ao nosso percurso. O grande problema é quando as linhas estão sobrepostas e nós não reparamos... por vezes são breves instantes (o momento da oportunidade perdida) e nós não nos apercebemos. Pior do que isso é que por vezes quando há duas linhas sobrepostas e nós sabemos e gostamos (quando temos uma relação) abafamos completamente a outra linha, procuramos eliminá-la, apagá-la... isso não é um percurso em comum! Isso é programar o futuro da separação das linhas...

Numa vida em comum, há que ter em atenção que 1+1 não é igual a nós mas é sim igual a EU, TU e sobretudo NÓS! Há que dar espaço a todos... aos projectos, ás ideias, aos objectivos de cada um... e criar um espaço comum muito forte com IDEIAS, VONTADE, PROJECTOS, ETC...

Não caiam em erros que já tanta gente caiu (eu incluído) e vivam, tenham gosto por viver, e sobretudo deixem viver.

João Ogando

sexta-feira, julho 08, 2005


O que nos torna reais - A Inteligência Artificial
"Estamos no ano 2015 e mantive o contacto com ela por mais de 2 anos sem nunca me aperceber da realidade... incrivelmente ela respondia a todos os meus emails, tinha um blog próprio, onde escrevia, e tinha fotos! afinal toda aquela realidade não existia... tudo aconteceu no dia em que contratei uma empresa para efectuar alguns procedimentos de segurança na empresa, e aí fui confrontado com a situação de nos últimos 2 anos um Super computador de uma empresa com sede num paraíso fiscal, estar a beber informação da minha empresa, via Internet usando para tal um ser Inteligente. Ou seja tenho servido de cobaia a experiências de "IA" durante mais de 2 anos! Estranho... um computador que lê interpreta, escreve e cria imagens de supostas realidades... onde vamos parar... o que faço com estes ultimos 2 anos? Como o classifico? Em amigos perdidos? Ou na secção software malicioso? Ou ignoro e passo a relacionar-me com máquinas e esqueço as pessoas? É para lá que caminhamos? Será que nada aprendemos nestes anos todos? Não só as máquinas dominam as nossas vidas, como agora também nos querem dominar os corações e mentes?"

segunda-feira, julho 04, 2005


Escrevi este texto no dia 14 de Maio de 2003, quando regressava de Comboio do Porto onde tinha ido a uma entrevista para comissário de bordo na Bristish Airways. Como devem imaginar não fiquei, mas no comboio, escrevi estas poucas linhas que agora transcrevo...

Há dias em que por mais que saibamos que temos a vida toda pela frente, por e simplesmente parecem o fim de tudo! É o desânimo; e custa dizer a nós mesmos aquilo que tantas vezes dizemos aos outros: "sorri, amanhã é outro dia e tudo vai melhorar". É tão fácil ajudar os outros! No entanto sei que amanhã tudo estará melhor. O comboio segue por entre as árvores, a linha deveria ser junto à praia! Por entre as árvores veem-se tons alaranjados no céu por cima do mar, raios de sol escapam-se por cima das nuvens. Queria estar acompanhado, sentado na areia, a seguir com todos os sentidos, o sol a deitar-se... A sentir que outros acordam agora e que para eles é um novo dia em que com certeza tudo melhorará. Após breve paragem em Aveiro, seguimos viagem. Continuo a ouvir Sting e o tema que acabei de ouvir chama-se "It is probably me!" Será? Fumo um cigarro mais com o meu companheiro mudo que do lado de lá do vidro insiste em replicar os meus movimentos sob o olhar atento da Lua que em poucos dias estará no seu auge. Também nós dia a dia caminhamos para o noss. Pelo menos isso não é sonho!
O Amanhã nunca deixou de estar presente!

terça-feira, outubro 12, 2004

Andei pela noite escura sem luar, sem destino sem vontade... os carros que circulam na rua são escassos, o frio do inverno leva as pessoasa rua mais cedo. As excepções são alguns que se deslocam para fugir do mesmo frio e rapidamente se irem aquecer e um sem número de sem abrigo que um pouco por todo o lado se pode ver... custa a realidade de me cruzar com eles, e sinto-me completamente impotente para algo fazer. Numa praça cruzo-me com um aglomerado deles que se reúne em volta de uma carrinha onde lhes é distribuída alguma comida quente e alguns agasalhos... vejo caras sorridentes que coversam umas com as outras enquanto comém... alguns após a refeição fumam também um cigarro que trazém guardado em local seguro. Na minha cabeça que vagueia na noite fria sem vontade interrogo-me porquê que ali estou? Porque não estou em casa, quente e feliz com o que tenho? Será que a tristeza que trago dentro de mim é assim tão grave quanto as dificuldades que todos estes que vejo têm de passar? Será? Sinto-me cansado desolado e danado comigo mesmo! Volto a casa vagarosamente a sentir o fresco da noite na cara, errando rua atrás de rua a pensar em algo que possa fazer para sair do marasmo em que me encontro. Antes de começar a descer a rua tiro a chave do bolso e preparo-a como se a porta do prédio já estivesse a um metro de mim, curioso este ritual que mantenho à anos, até casa são 200 metros, mas já me sinto em casa desde que começo a descer a rua e com facilidade projecto a minha chegada a casa, como imagino o quente que está, desaperto o casaco e retiro o gorro e as luvas, sempre de chave na mão. Já na sala, coloco uma musica suave, um piano agradável que gosto de ter como pano de fundo... sento-me no computador, a casa além da musica e do computador está silenciosa, ligo-me à Internet e pesquiso por "Sem Abrigo Lisboa" e aparecem-me vários resultados, pesquiso alguns sites vejo projectos interessantes, mando alguns mails, e espero que haja respostas. Sinto que estou a iniciar uma nova era na minha vida, vou continuar à procura de soluções mas sem esquecer que estão todas dentro de mim e que há muitos que necessitam realmente de ajuda, e se puder ajudar... lá estarei...!

quinta-feira, maio 27, 2004

Eram 28 os degraus que subi dois a dois até à Praça que me levava ao hopital, cheguei à porta, entrei e por entre perguntas e explicações de que viajara de 400km de distância deixaram-me subir para te ver. Dormias... as máquinas e tubos em que estavas envolta, não indicavam nada de bom. A bata que me fizeram vestir dava-me um aspecto de extraterrestre. Queria que abrisses os olhos, e que me visse, mas tinha ao mesmo tempo receio que te assustasses por estares deitada numa cama que desconhecias envolta num ambiente tirado de um filme de ficção cientifica. Já passaram 4 dias e os médicos mudaram-te para um serviço onde podes ter companhia 24 horas por dia, agora trabalho ao teu lado e passo as noites contigo, leio-te todos os dias livros que tanto gostaste e que são para ti alegrias e formas de viver. Hoje num período que os médicos dizem de decisivo, abriste os olhos e olhaste-me, percorreste o ambiente que te rodeava e as lágrimas escorreram-te dos olhos... abracei-te e senti a vontade de te mexeres mais do que agora consegues... falei-te e ao fim de alguns minutos conseguiste articular um frágil: "Estou muito mal?" as lágrimas escorreram-me e de imediato disse-te que as lágrimas eram apenas por te ouvir pois agora que acordaste era uma questão de tempo e Fisioterapia até estares de novo a 100%... adormeceste de novo pouco depois já na presença dos médicos e enfermeiros que desde o inicio te acompanham. Os sorrisos nas caras deles e as duas única palavras dirigidas a mim pelo médico deixaram-me descansado: "Agora Durma"... Como normalmente nos ultimos dias fiz, sentei-me na cadeira a teu lado e encostei a cabeça a ti junto à tua mão, as lágrimas escorriam-me pelos olhos... e antes de cair no sono, senti a tua mão a acariciar-me como só tu sabes fazer!
João Ogando

quarta-feira, abril 14, 2004

Um Amigo de Portalegre enviou-me este texto que resolvo aqui partilhar com todos vocês!
As mulheres... Por Jerry Seinfeld
Até hoje pensava que a pior frase que podia ouvir de uma rapariga era "Temos que falar...". Mas não! A pior frase de todas é: "Eu também gosto de ti... mas como amigo." Isto significa que para ela tu és o mais simpático do mundo aquele que melhor a compreende, o mais dedicado... mas nunca vai sair contigo. Vai sair com um gajo nojento que apenas quer ir para a cama com ela.

Aí sim, quando o outro lhe faça alguma das dele, ela chamar-te-á para pedir-te conselhos. É como se fosses a uma entrevista de trabalho e te dissessem: "Você é a pessoa ideal para o posto, tem o melhor currículo, é o que está melhor preparado... mas não vamos contratá-lo. Vamos contratar um incompetente. Só lhe pedimos uma coisa, quando esse gajo fizer asneira, podemos chamá-lo para tirar-nos da embrulhada em que ele nos meteu?"

Eu pergunto: o que é que fiz mal? Fomos ao cinema, rimo-nos, passámos horas em cafés... e depois de quantos cafés ficámos amigos de verdade? Depois de cinco? Seis? Com um café menos e tinha ido para a cama com ela!!

Para as mulheres, um amigo rege-se pelas mesmas normas de um Tampax: podem ir para a piscina com ele; podem montar a cavalo; podem dançar...; mas, a única coisa que não podem fazer com ele é ter relações sexuais. Ainda por cima, bem vistas as coisas... se para uma mulher considerar-te "seu
amigo" consiste em arruinar a tua vida sexual, o que fará ela com os inimigos? A mim parece-me muito bem que sejamos amigos, o que não percebo é porque é que não podemos ir para a cama como amigos".

Eu penso que a amizade entre homens e mulheres não existe, porque se existisse saber-se-ia. O que acontece é que quando ela te diz que gosta de ti como amigo, para ela significa isso e ponto. Mas para ti não. Para ti quer dizer que se numa noite estão na praia, ela já com uns copos, está lua cheia, os planetas estão alinhados e um meteorito ameaça a Terra... podias muito bem ir para a cama com ela!! Por isso engoles...

Por isso nunca perdes a esperança. Ela sai com o Joe? Isso vai acabar. E quando isso acontecer, tu atacas com a técnica de consolador: "Não chores, o Joe era um chulo. Tu mereces muito melhor,alguém que te compreenda, alguém que esteja no sítio certo quando tu precisas, que seja baixito, que
seja moreno, que não seja muito bonito, que se chame John... COMO EU!!"

Pelo menos, sendo amigo podes meter nojo para eliminar concorrência. É a técnica da "lagarta nojenta". Quando ela te diz:
- Que simpático é o Paul, não é?
- O Paul? É muito simpático... só é pena ser um pouco estrábico.
- Ele não é estrábico, o que tem é um olhar muito ternurento.
- Sim, tens razão. No outro dia reparei nisso quando olhava para a Marta.
- Não estava a olhar para a Marta, estava a olhar para mim!
- Vês como é estrábico?

O cúmulo dos cúmulos é o facto dela considerar ter uma relação "super especial" contigo quando pode dormir na mesma cama sem que se passe nada. COMO É QUE É??!! Então o "super especial" não seria que se passasse algo?! Um dia depois de uma festa, tu ficas a ajudá-la a limpar, como fazes SEMPRE, e quando acabam, ela diz:
- UH! Que tarde. Porque é que não ficas cá a dormir?
- E onde é que durmo?
- Na minha cama.

Aí, até te tremem as pernas. "Esta é a minha noite, alinharam-se os planetas!". Passados uns minutos, dás-te conta que não são precisamente os planetas que se alinharam, porque ela, como são amigos, com toda a confiança fica em roupa interior e tu, pelo que vês, pensas: "Vou ter que ficar de boxers. Com todo o alinhamento de planetas que tenho em cima..." E, assim que te metes na cama, dobras os joelhos para dissimular. Ela mete-se na cama dá-te uma palmada no rabo e diz-te: "Até amanhã". E põe-se a dormir! "COMO É QUE É??!! Como é que se pode pôr no ronco tão cedo? E esta fulana não
reza nem nada?"

Estás na cama com a rapariga dos teus sonhos. No início nem te atreves a mexer, para não tocar em nada. Sabes que se nesse momento fizessem um concurso, ninguém te podia ganhar: és o gajo mais quente do mundo. E como é longa a noite! Vêm-te à cabeça um monte de perguntas: "Tocar uma mama
com o ombro será de mau amigo? E se é a mama que toca em mim?"

Mas depois de muitas horas, já só fazes uma pergunta: "SEREI REALMENTE UM MANSO?!" Não podes acreditar que estás na mesma cama e não se vai passar nada. Confias que, a qualquer altura, ela vai dar a volta e dizer: "Anda lorpa, que já sofreste bastante. Possui-me!" Mas não. Para as mulheres parece que nunca sofremos o suficiente. E como sofres... porque tens todo o sangue do corpo acumulado no mesmo sítio. Já houve mesmo casos de homens que rebentaram.

Mas ainda não acabou a tua humilhação. Às 7 da manhã tocam à campainha:
- AH! É o Joe!
- O Joe? Mas ele não te tinha deixado?
- Depois conto-te tudo. Estou com pressa. Esqueci-me de dizer-te que o Joe ia trazer o cão. Como vamos à praia eu disse-lhe que ficando contigo o cão não podia estar em melhores mãos. Porque tu és um amigo! Estás com má cara. Dormiste bem?

E aí ficas tu com o cão, que esse sim é o melhor amigo do homem.

JERRY SEINFELD

João Ogando